terça-feira, novembro 13, 2012

Ana Sá Pessoa: De cliente a voluntária compradora


Começou por ajudar o Centro Comunitário de Carcavelos fazendo uma das coisas de que mais gosta: compras. Durante meses, Ana Sá Pessoa foi cliente assídua da Feira Stock Social, juntando o prazer das compras ao sentimento de estar a contribuir para ajudar quem mais precisa.
Mas o gosto que sempre teve por ajudar aproximou-a das voluntárias, a quem dava uma mãozinha sem vínculo formal. Pouco a pouco acabou por se tornar também ela voluntária do Centro.
Desde há um ano, é voluntária com cartão e está na loja Stock Social à segunda e à sexta-feira de manhã e na Feira Stock Social à terça-feira à tarde e à quarta de manhã.
Mas mesmo do lado de lá do balcão, não resiste a fazer as suas compras.
“Faço voluntariado e ao mesmo tempo sou uma compulsiva compradora”, diz Ana Sá Pessoa a rir. Admite que gasta cerca de 20 euros por semana na loja e na feira: “É um exagero, mas é outra maneira que tenho de ajudar”, afirma.
Ana reformou-se há dois anos, ao fim de 40 anos de trabalho na Função Pública. Com 57 anos, era chefe de repartição no Ministério da Saúde.
Passou pelo Hospital Egas Moniz, pelo São Francisco Xavier, pelo hospital de Torres Vedras e pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Quando se viu desocupada, decidiu dedicar-se àquilo que lhe dava prazer, incluindo fazer compras no CCPC.
Mas os primeiros meses de “liberdade” deram lugar a alguma tristeza com a falta de uma ocupação e foi então que decidiu dedicar-se ao voluntariado.
Hoje não tem dúvidas de que “está a ser muito positivo”, diz com um sorriso permanente.
Para Ana Sá Pessoa, esta ocupação tem duas vertentes: “A vertente em que ajudo a comunidade e a vertente em que me ajudo a mim”.
“É muito gratificante”.
Ana recorda que sempre teve o espírito voluntário: “Desde que me conheço que foi sempre ajudar os outros. No hospital tinha sempre maneira de ajudar, empreguei muita gente, ajudei muita gente”.
Hoje, o que mais gosta no CCPC é “o contacto com as pessoas”. Com os clientes, mas também com as colegas.
“A equipa é fabulosa, damo-nos todas muito bem. Não estamos aqui para fazer concorrência umas às outras, como quando estamos no trabalho. Aqui isso não existe”.
Admitindo que já fez muitas amigas no CCPC, Ana conta que até as colegas já se riem com a sua mania das compras: “As minhas colegas dizem: Para de comprar!”.
Mas Ana garante que não tenciona parar de aproveitar os preços “muito convidativos” da loja e da feira do CCPC.
Diz que compra roupa para ela, para a filha e para os netos, assim como artigos para a casa. E até compra coisas de que não precisa.
“Há uns dias apaixonei-me. Apareceu lá um cueiro que devia ter sido feito por uma avó. Bordadinho. Eu comprei, mesmo sem ter a quem dar. De vez em quando aparecem grávidas e eu dou”, recorda.
E entre risos acrescenta: “Às vezes digo que o Centro Comunitário ainda vai ser a causa do meu divórcio”.

Filipa Parreira (voluntária)

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